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ZÉ PELINTRA

ZÉ PELINTRA

COM TODO CARINHO E RESPEITO, ESTA UMA DE MINHAS HISTÓRIAS

Seu Zé, como gosta de ser chamado

José Emerenciano nasceu em Pernambuco, filho de uma escrava alforriada com seu ex-dono,

teve algumas oportunidades na vida. Trabalhou em serviços de gabinete, mas não suportava a

rotina. Estudou, pouco, pois não tinha paciência para isso. Gostava mesmo era de farra, bebida e

mulheres, não uma ou duas, mas muitas. Houve uma época em que estava tão encrencado em sua

cidade natal que teve que fugir e tentar novos ares. Foi assim que Emerenciano surgiu na Cidade

Maravilhosa. Sempre fiel aos seus princípios, está claro que o lugar escolhido havia de ser a

Lapa, reduto dos marginais e mulheres de vida fácil na época. Em pouco tempo passou a viver

do dinheiro arrecadado por suas "meninas", que apaixonadas pela bela estampa do negro,

dividiam o pouco que ganhavam com o suor de seus corpos. Não foram poucas as vezes que

Emerenciano teve que enfrentar marginais em defesa daquelas que lhe davam o pão de cada dia.

E que defesa! Era impiedoso com quem ousasse atravessar seu caminho. Carregava sempre

consigo um punhal de cabo de osso, que dizia ser seu amuleto, e com ele rasgara muita carne de

bandido atrevido, como gostava de dizer entre gargalhadas, quando nas mesas dos botecos de sua

preferência. Bebia muito, adorava o álcool, desde a cachaça mais humilde até o uísque mais

requintado. E em diversas ocasiões suas meninas o arrastaram praticamente inconsciente para o

quarto de uma delas. Contudo, era feliz, ou dizia que era, o que dá quase no mesmo. Até que

conheceu Amparo, mulher do sargento Savério. Era a visão mais linda que tivera em sua

existência. A bela loura de olhos claros, deixava-o em êxtase apenas por passar em sua frente.

Resolveu mudar de vida e partiu para a conquista da deusa loura, como costumava chama-la.

Parou de beber, em demasia, claro! Não era homem também de ser afrouxado por ninguém, e

uns golezinhos aqui e ali não faziam mal a ninguém. Dispensou duas de suas meninas, precisava

ficar com pelo menos uma, o dinheiro tinha que entrar, não é? Julgava-se então o homem

perfeito para a bela Amparo. Começou então a cercar a mulher, que jamais lhe lançara um olhar.

Aos amigos dizia que ambos estavam apaixonados e já tinha tudo preparado para levá-la para

Pernambuco, onde viveriam de amor. Aos poucos a história foi correndo, apostas se fizeram, uns

garantiam que Emerenciano, porreta como era, ia conseguir seu intento. Outros duvidavam

Amparo nunca demonstrara nenhuma intimidade por menor que fosse que justificasse a

fanfarronice do homem. O pior tinha que acontecer, cedo ou tarde. O Sargento foi informado

pela mulher da insistente pressão a que estava submetida. Disposto a defender a honra da esposa

marcou um encontro com o rival. Emerenciano ria, enquanto dizia aos amigos: - É claro que vou,

ele quer me dar a mulher? Eu aceito! Vou aqui com meu amigo... - E mostrava seu punhal para

quem quisesse ver. Na noite marcada vestiu-se com seu melhor terno e dirigiu-se ao botequim

onde aconteceria a conversa. Pediu uísque, não era noite para cachaça, e começou a bebericar

mansamente. Confiava em seu taco e muito mais em seu punhal. Se fosse briga o que ele queria,

ia ter. Ao esvaziar o copo ouviu um grito atrás de si: - Safado! - Levantou-se rapidamente e

virou-se para o chamado. O tiro foi certeiro. O rosto de Emerenciano foi destroçado e seu corpo

caiu num baque surdo. Recebido no astral por espíritos em missão evolutiva, logo se mostrou

arrependido de seus atos e tomou seu lugar junto a falange de Zé Pelintra. Com a história tão

parecida com a do mestre em questão, outra linha não lhe seria adequada. Hoje, trabalhador nos

terreiros na qualidade de Zé Pelintra do Cabo, diverte e orienta com firmeza a quem o procura.

Não perdeu, porém, a picardia dos tempos de José Emerenciano. Saravá, Seu Zé Pelintra!

Tudo ficou bem claro quando em um Terreiro de Umbanda, lá em Santissimo, (Bairro da Cidade

do Rio de Janeiro) chegou em trajes bem alinhados e disse: - estou aqui por que precisam de

mim!... O dirigente da casa, desconhecendo a Entidade, disse: - estamos em Gira de Caboclo e

pelo visto o senhor chegou em Gira errada. Aguarde até sexta-feira, teremos Gira de Exú, ai você

poderá chegar e dar o seu recado. Seu zé meio desconfiado e sondando o ambiente, disse: - olha

amigo! Eu chego aonde precisam de mim, e neste momento a casa está precisando de minha

juda. Fico, ou vou simbora malandro? O dirigente disse: aquí você chega em Gira de Exu, se

quizer pode voltar. Seu Zé muito malandro disse com todas as letras: - tô indo simbora, a casa

está precisando de ajuda!... Não se preocupe, tô indo.

Moço!... O Terreiro estava coberto de Obscessores e foi um Deus nos acuda a sua subida...Foi

“tapa e beijos” até o dia clarear... De vez em quando ele ia no ouvido de um médium que estava

visitando a casa e dizia: - já imaginou se este dirigente entendesse um pouquino da

espiritualidade? Nada disso estaria acontecendo...

Coisas de Malandro.




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