BATISADO DENTRO DA LEI DE UMBANDA
É muito comum médiuns Umbandistas serem batizados sem nenhum tipo de consciência
sobre o que significa esse sacramento.
Pais e Mães espirituais simplesmente batizam seus filhos sem ao menos perguntarem se é
isso mesmo que eles desejam, sem ao menos os prepararem, ou explicarem o que
significa esse ritual;
Assim como, também é comum vermos médiuns trabalhando há anos em seus Terreiros
sem terem sido batizados ou convertidos para a Umbanda, religião que comunga, ama e
pela qual se dedica.
Entretanto, vemos também o excesso no cúmulo do absurdo de, médiuns serem batizados
e rebatizados quantas vezes ele troque de Terreiro durante o seu caminhar na religião,
sob a alegação de que “as cabeceiras com as Entidades da Casa precisam ser firmadas”
(Existem Terreiros com entidades próprias?!?).
Temos que ter em mente que o Batismo significa o recomeço o acordar para a religião em
que o individuo se propõe a seguir e a adorar.
Sabemos que o Batismo é algo sagrado e imutável tão sagrado que em nossa
Comunidade é reconhecido que o primeiro Batismo na Umbanda será sempre o seu
primeiro laço com suas entidades, mas que além do Batismo, também temos a Cerimônia
de Confirmação que é a que fortalece esse laço da mesma forma que a primeira, se
escolhe um ou mais padrinhos e madrinhas para tal cerimônia que serão testemunhas
encarnadas além do Guia Chefe que irá presenciar tal acontecimento.
Nessas situações percebemos a total falta de atenção desses Pais e Mães espirituais que,
talvez por falta de conhecimento ou por falta de tempo, deixam de lado esse
importantíssimo e fundamental ritual para qualquer Ser, independente de religião.
O batismo é uma cerimônia indispensável, para que a pessoa tenha uma vida religiosa
plena. Com o batismo, o(a) dirigente faz a apresentação do batizando a Deus e às
Divindades, para que o espírito sintonize melhor a proteção dos Orixás e suas vibrações.
Sacerdotes e sacerdotisas consagrados têm o poder, perante os Orixás, para realizarem
esses atos.
Cada Sacramento é um ato de fé, é revestir a cerimônia com a vibração do(a) dirigente,
com a sua convicção e religiosidade, marcando esses momentos únicos na vida dos
frequentadores, no seio de sua comunidade religiosa.
Aliás, o Batismo é o mais importante sacramento para qualquer religião e isso é tão claro
que percebemos com facilidade o quanto as religiões de forma geral incentivam, divulgam
e trabalham em prol do batismo entre sua comunidade e seus fiéis, algumas inclusive
chegam a exigir tal sacramento.
É fato que existe hoje em dia um movimento de valorização da Umbanda, mas será que as
principais regras estão sendo cumpridas?
Será que os fundamentos básicos e iniciais estão sendo preparados?
Será que, o Batismo ou a Conversão Religiosa, sacramentos fundamentais para todo Ser
que dão “vida ao Espírito”, estão sendo realizados nos terreiros com total consciência,
responsabilidade e beleza?
Assunto para refletirmos com seriedade não acham?
Tem um ponto muito bonito em nossa Umbanda que diz “a Umbanda tem fundamento é
preciso preparar…”, portanto é preciso trabalhar, estudar, organizar, estruturar e
REALIZAR A UMBANDA; É preciso transmitir a Graça Divina, satisfazer as necessidades,
nutrir de fé e de Sagrado cada fase da vida, evitando assim que os médiuns umbandistas
procurem outras religiões para realizarem determinados ritos e sacramentos.
É preciso realizar belíssimos batismos, emocionantes conversões, maravilhosos
casamentos, grandiosos rituais de amaci tudo com muito AXÉ, FUNDAMENTO e AMOR.
E fazer com que esses sacramentos se tornem inesquecíveis a qualquer um, seja para os
convidados, para o médium, para o Terreiro, para os Pais de Santo e claro, para toda
espiritualidade que engrandece, vibra e agradece ao término de cada ritual.
E para que esse assunto não fique só na ‘boa vontade’, resumirei um pouco dos
fundamentos básicos que envolvem o Ritual de Batismo em nossa querida Umbanda,
esclarecendo que cada Terreiro acrescentará
suas particularidades ao ritual, o que não tem nada de errado, mesmo porque isso
acontece de acordo com a Linha e o Orixá que comanda esse Terreiro.
É um rito de passagem, feito principalmente com água sobre o iniciado através da
imersão, efusão (derramamento) ou aspersão (borrifo). Segundo o Dicionário Aurélio, o
termo batismo vem do grego, baptismós, que significa mergulhar, em latim, baptismu. É
um sacramento religioso onde através da imersão, da ablução (lavagem) ou simplesmente
da aspersão (borrifo) de água significa um renascer espiritual.
A origem deste sacramento é tão antiga quanto a humanidade, cada povo, de uma forma
ou de outra, sempre teve seu ritual iniciático. Na Igreja Católica, por exemplo, o Batismo
liberta do pecado original e regenera o Ser tornando-o membro de Cristo. Portanto, após o
Batismo aquele membro incorpora a Igreja e é feito participante dela.
O Batismo na Umbanda:
É realizado para revestir o espírito e o mental do Ser com uma aura protetora semelhante
a proteção divina que o espírito recebe ao reencarnar. É a “entrada” do espírito na
dimensão religiosa da Umbanda, é quando o médium se torna Filho de Olorum e seguidor
de Pai Oxalá, passando a fazer parte de seu “exército branco”.
Ele é o primeiro e o mais importante Sacramento, pois é a porta de entrada para o
recebimento das bênçãos divinas e dos demais sacramentos. Pelo batismo, a pessoa é
incorporada à Umbanda, passando a ter os direitos e deveres próprios da religião.
É um cerimonial litúrgico poético, santificado e participativo da vida divina onde preces,
toques, cantos e atos litúrgicos específicos compõem a linguagem expressiva e
encantadora de nossa religião.
O ritual pode ser praticado dentro do próprio Terreiro, como também na cachoeira, local de
vibração pura de Mãe Oxum, mãe e protetora de todos os filhos de Umbanda e Senhora
das Águas Doces. É indispensável a água da cachoeira que tem o poder de limpar,
purificar e alimentar nosso espírito e quando jogada ou aspergida na coroa, chacra
coronário, faz a purificação desse chacra e ativa-o promovendo uma unificação com as
forças espirituais superiores além de fortalecer, equilibrar e alimentar nossa alma com
vibrações puras e harmoniosas.
Pode-se também, por orientação do Chefe da Casa, o ritual ser realizado na praia,
consagrando assim, os filhos a Iemanjá.
Há ainda o cruzamento com a Pemba, ato sagrado que coloca o Ser sob a Ação da Lei de
Pemba, Lei que sustenta e conduz nosso espírito. Com esse ato também se cruzam os
chacras, vórtices captadores e irradiadores de energia, fechando-os às energias negativas
e ligando-os à supremacia espiritual, ativando-os assim à entrada de energias positivas e
benéficas (Ler o Livro Umbanda de Todos Nós de W.W. da Matta e Silva).
O Batismo das Crianças
O Batismo deve ser feito, preferencialmente, nos sete primeiros meses de vida da criança,
mas poderá ser realizado para qualquer pessoa, não importa a idade.
A criança ainda não tem discernimento para escolher sua religião, mas é natural que siga
a religião de seus pais.
O Batismo na Umbanda é um compromisso dos pais com seus filhos, em educá-los dentro
dos conceitos da liturgia umbandista. A criança batizada é abençoada e apresentada ao
Divino Criador Olorum, ao nosso Pai Oxalá, aos seus padrinhos espirituais, que sempre
são um casal de orixás, e à comunidade umbandista.
A criança, então, passa a fazer parte desse universo religioso, no qual irá crescer e que se
tornará natural para ela.
O Batismo tem a finalidade de religar o espírito reencarnado com Deus. O caminho que a
criança seguir quando adulto e tiver seu livre arbítrio não invalida o Batismo.
Após a infância, faz-se a conversão do fiel, com o Batismo e a imantação na nova religião,
que passa a amoldar o espírito nas suas irradiações.
“O Batismo é muito importante para todos os seres, tanto no plano material como no plano
astral. Sem o batismo, muitos ficam vagando em espírito, perdidos, sem encontrar uma
porta por onde passar e sem chegar a lugar algum. Seres que não seguiram nenhuma
religião e nem desenvolveram sua religiosidade.
Completar um ciclo de vida significa passar por muitas etapas, vivenciar muitas situações
diferentes, algumas das quais, se não forem experimentadas na reencarnação, deverão
ser realizadas no plano espiritual. Essas etapas são fundamentais, para que a sequencia
de vida do ser transcorra com equilíbrio e serenidade.
A vela batismal que é acessa simboliza a luz, o ‘espírito vivo’, que deve ser entregue ao
batizando para que se lembre da luz que o acolheu e que sempre o acolherá.
Orientação aos Padrinhos e aos Pais
Ser padrinho é assumir perante o Pai Olorum e ao Pai Oxalá o compromisso de segundo
pai e segunda mãe, prometendo cuidar de seu (sua) afilhado (a) sempre que necessário.
A vela batismal será levada para casa e guardada pela mãe. Essa vela é símbolo da Luz
Divina e deve ser acesa (apenas quando necessário), posta sobre a cabeça da criança e,
de preferência, às suas costas. Se houver algum problema de causa desconhecida com a
criança, acender a vela e elevá-la sobre a sua cabeça. O campo imantador da própria
criança começará a se abrir e a criar a proteção e a limpeza necessária.
Na Umbanda ainda, mais que padrinhos encarnados, contamos com o amparo dos Guias
Espirituais e/ou Orixás que se manifestam na hora da consagração adquirindo a guarda
desse médium. Momento mágico e divino que exprime a verdadeira realidade do amor, da
bondade e da benevolência, superando qualquer sentimento.
Paz e Luz!