O QUE FAZER PARA QUE ISSO NÃO ACONTEÇA MAIS?
É um caso muito complicado para ser resolvido em curto prazo, pois se trata de tradição milenar dos Cultos
Africanistas introduzidos no Brasil através dos escravos, que até a data de hoje se pratica esta façanha.
O Pior é que levam os dejetos oriundos desses sacrifícios aos rios, cachoeiras, praias, matas encruzilhadas e
outros setores que nem posso relatar. Mas tenho certeza que um dia este povo irá encontrar outra forma de
fazer oferendas com mais forças sem aplicação de matanças de animais
As religiões de matriz africana trazem consigo tradições e culturas que são respeitadas. Culto aos Orixás, as
vestimentas, o toque do atabaque, o canto em louvor a estes Orixás, etc. A Umbanda e o Candomblé são
primos-irmãos.
À luz dos fatos, convido os senhores Babalorixás e Yialorixás a uma reflexão imparcial e necessária: embora
haja tradição, precisamos entender que sacrifícios de animais não cabem mais nos dias de hoje. A evolução
exige mudança de paradigmas e mudamos sempre para melhor. A Umbanda não sacrifica animais - todavia,
alguns terreiros de Candomblé, infelizmente, insistem com este ritual, esbarrando em imenso paradoxo: os
Orixás são os mesmos em ambas as religiões - na Umbanda não há sacrifício de animais. Ora, se os Orixás são
os mesmos, por que pediriam no Candomblé o sangue animal? Não tem sentido!
A sociedade brasileira, em sua maioria constituída de adeptos de outras religiões não aceita tal crueldade e
cobra das autoridades o fim desta matança. Nós, da OAB, respeitamos todos os cultos menos o de matar
animal. Nenhuma religião pode subordinar a vida animal à inferioridade, deixando os infelizes à mercê da faca
pontuda que atravessa a garganta ou o coração dos animais. Isso não é mais aceitável nos dias de hoje!
A própria Constituição Federal em seu artigo 5o não concede o direito a matar. Se assim fosse, poder-se-ia
matar animais humanos. Há de se entender que existe legislação específica que ampara e protegem os animais
Lei Federal 9605/98, artigo 32 - nenhum animal poderá ser submetido a maus-tratos. Na verdade, matar animal
em ritual religioso ultrapassa os maus-tratos - é crueldade, algo gravíssimo que não mais será tolerado à luz
das leis vigentes no Brasil.
Portanto, solicito humildemente que os senhores Babalorixás e Yialorixás reflitam imparcialmente. Um ser de
luz não aceita a morte de animal. A luz espiritual é amor e não violência!
Amigos umbandistas me disseram que nestes rituais que submetem animais a esta tortura, há presença de
quiumbas ou espíritos obsessores. Portanto, isso não é saudável.
Concluindo: peço que os senhores que praticam estes rituais que cessem com isso, pois a OAB não aceitará
mais esta prática. Não ensejamos contenda com ninguém - mas, lutaremos pacificamente, à luz das leis
vigentes no Brasil e com apoio popular pelo fim destas torturas inaceitáveis.
Precisamos evoluir como um todo tornarmo-nos pacíficos, evoluídos espiritualmente, libertando-nos dos
grilhões do primitivismo religioso. Os animais têm alma, sente dor, fome, sede, estresse, medo como todos nós
e não podemos mais aceitar que a crueldade continue.
Com todo respeito aos Babalorixás e Yialorixás, filhos-de-santo, peço, em nome da luz e do amor crístico que
cessem com estes rituais. A OAB não deixará passar em branco. Não queremos contenda, briga, intriga com
ninguém, mas, com absoluta certeza, não vamos permanecer calados e incólumes.
Vamos amar os animais em vez de... Matá-los
Obrigado pela atenção às minhas palavras.
Respeitosamente,