O MÉDIUM UMBANDISTA TEM QUE ESTUDAR
“Os médiuns são humanos e por isso, imperfeitos; No entanto, desde que
estudem conscienciosamente, ficam esclarecidos desde o início do seu
labor mediúnico quanto às incongruências que precisam evitar e quais os
percalços da mediunidade imperfeita e o desajuste dos médiuns no
tocante às suas qualidades morais.
Os médiuns novos são tímidos, cuidadosos e temem o ridículo. No
entanto, em princípio, mal dissimula a ansiedade de sobrepujar os
companheiros mais experimentados, o que não perdem oportunidade de
fazer.
Alguns médiuns sobrevivem com êxito nos ambientes mais confusos;
Outros se desequilibram nos trabalhos mediúnicos mais harmônicos.
Obviamente, eles graduam-se pelos mais variados matizes e de acordo
com a maior ou menor influência anímica; Em uns predomina a linguagem
elevada, o potencial intelectivo superior ou o sentimento de tolerância
evangélica; noutros a trivialidade, o primarismo mental ou a franqueza
rude de "dizer a verdade" aos outros.
Ainda é o médium exibicionista o que mais leva preocupação aos
Dirigentes Espirituais, já que esse tipo de médium consome suas energias
em competir e impor-se sobre os seus companheiros de trabalhos
mediúnicos e assim não perde vaza para atrair a atenção pública e
teatralizar as mais singelas comunicações; “Ele faz do ambiente mediúnico
a moldura que lhe enfeita as atitudes rebuscadas, os efeitos pirotécnicos
ou as exclamações dramáticas”.
Muitos médiuns Umbandistas não gostam de estudar sobre a Religião de
Umbanda, assim como, verdade seja dita, alguns Sacerdotes não
permitem que seus médiuns estudem e façam perguntas, questionem,
evoluam em conhecimento e saber.
Muitos dizem que a Umbanda é caridade, amor e não é necessário estudo
qualquer: "É só deixar o Guia vir; É só deixar o Orixá encostar".
Bem, em toda Religião o estudo é fundamental para a sua compreensão.
Não que esteja errado ver o lado da caridade, do amor ou da entrega que
realmente são necessários aos médiuns na incorporação, mas a Umbanda
é muito mais do que isso.
O estudo deve ser somado à dedicação prática da lida no Terreiro (a
prática da caridade e do amor ao próximo: Solidariedade), unindo tudo
isso como um conhecimento maior que pode tirar dúvidas, retirar
confusões da mente, evitar o animismo, o exibicionismo (de médiuns),
evitar que os consulentes vejam a Umbanda e seus guias como trocadores
de favores / presentes, a clonagem arquetípica dos Guias (quando
médiuns novos acabam, sem querer, copiando o comportamento dos guias
do ou dos Dirigentes), inibir o comportamento grosseiros de alguns
médiuns e evitar que os espertalhões, que querem utilizar a Umbanda
como um meio de ganhar dinheiro, o façam usando a ignorância de seus
adeptos.
Podemos dividir o estudo da Umbanda em várias formas de entendimento
e orientações:
* Pela Doutrina de cada segmento, cada Casa, que deveria ser ministrada
aos médiuns e assistidos (qual a doutrina existente na casa, seus ritos,
fundamentos, maneira de trabalhar). Normalmente essa doutrina ou essas
Aulas de Doutrina estão a cargo do Sacerdote da casa ou alguém
designado por ele;
* A conversa de banquinho com o (a) Preto (a) Velho (a) do (a) dirigente
ou dos dirigentes da casa (pode ser com outro Guia, tudo dependerá da
estrutura de comando de cada casa; umas estão sob o comando dos
Pretos Velhos, outras sob o de Caboclos, Boiadeiros, Baianos etc.), onde a
parte doutrinária da casa, pelo seu lado espiritual e orientador, deve ser
levada aos médiuns;
* Livros e material didático que sejam feitos pela própria Casa (Terreiro)
ou utilizado de autores Umbandistas. Onde possam existir mais
orientações no nível doutrinário, religioso, comportamental, espiritual,
moral e ético relacionados à Umbanda;
* Outras fontes literárias, até de outras religiões, onde possam
conter informações relevantes para os médiuns, no seu
entendimento sobre a Religião de Umbanda, ou mesmo, sobre
certos conceitos de cunho moral, ético, espiritual, doutrinário
etc.;
* Formação de palestras e/ou seminários, onde ao médium
possam compartilhar da sabedoria e do conhecimento de outros
sacerdotes ou outras pessoas ligadas à espiritualidade
(dependendo de cada seguimento da Umbanda);
* Como visitantes a outros Terreiros ou recebendo visitantes em seu
próprio Terreiro, no intuito de se mostrar a diversidade da religião, o
compartilhamento saudável de culturas dentro da Umbanda, mostrando a
diversidade, a riqueza que é a Religião de Umbanda. Ao mesmo tempo,
estreitando laços de amizade e de união com outros Terreiros e outras
formas de se manifestar a Umbanda;
* Por meio da formação escolar e acadêmica. Seja no estudo regular, ou
na Universidade, onde o médium aprende uma profissão, uma
especialização, aumenta sua instrução e a sua forma de ver e entender o
mundo;
* Por meio de cursos relativos à Umbanda e a outras religiões, ou facetas
da própria Umbanda. Porém, esses cursos devem ser de conhecimento do
Sacerdote de cada casa, pois existem diversas pessoas que usam do nome
da Umbanda para enganar e retirar dinheiro de médiuns que buscam o
conhecimento.
Como podemos ver, não existe somente uma forma, mas diversas formas
de se obter o conhecimento e o estudo com relação à Religião de
Umbanda.
Devemos sempre lembrar que os Sacerdotes de cada casa, têm o
compromisso, não só em relação à caridade, ao amor, a solidariedade,
mas também, do conhecimento, do ensino, da orientação, do conduzir os
médiuns, os tirando da ignorância e mostrando que a Religião de
Umbanda, mediante o seu seguimento, pode dar muitos ensinamentos não
só em relação à religião em si, mas para o próprio médium como pessoa,
como ser humano.
O Terreiro, a religião, pode se estender para o mundo profano e nele
exercer uma atuação divina. Isso pode ser feito sem preconceitos, sem
proselitismo, sem perseguições, sem imposições ao outro;
Basta que os Sacerdotes através de seus Guias, saibam passar os bons
ensinamentos a seus médiuns, para que eles, conseqüentemente possam
levar para fora do Terreiro o que a Umbanda tem de melhor, o que ela
tem de contribuição para melhorar o Mundo e o próprio Ser humano.
Algumas pessoas, até dentro da Umbanda, acreditam que "o
conhecimento é poder" (Francis Bacon). Eu acredito que “o conhecimento
liberta o homem de sua ignorância, abrindo-lhe a mente para a liberdade
das idéias”.